Encontro de corações solitários


(imagem do Google)

Escondi a minha solidão
dentro de um peito apertadinho
e sorri, ainda que contrafeita
por não saber o meu futuro,
o meu destino.
A minha solidão encolhida,
ficou perdida dentro de mim,
mas depressa se fartou
de ser ignorada.
Quis ganhar espaço.
Foi-se apossando do meu peito,
tomou conta do coração,
subiu ao cérebro
e caiu como lágrima
no canto de um olho triste.
Deixei de conseguir escondê-la,
era demasiado evidente,
ela impunha-se ao meu fingimento.
Mas houve um dia em que
a minha solidão
se cruzou com a tua.
Também ela se tinha apoderado de ti
e também tu tinhas olhos tristes
e lágrimas ao canto dos olhos.
As duas solidões se juntaram,
uniram forças entre si,
tranquilas, se quedaram,
esqueceram-se de nós,
e quando ficámos a sós
vencemos a solidão,
unimos os nossos fios soltos
em apertados nós,
demos a mão
e caminhámos rumo ao futuro,
na mesma direção...
                                 Célia Gil

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