Contrariedades da vida

A vida nem sempre sucede como queremos. Às vezes manda a conta e a fatura é demasiado elevada, a preço de ouro. Exige mais do que dá. Dá alegrias por breves instantes, sorrisos efémeros, amores fugazes. Enche-nos a alma e o coração, semeando as ilusões, propagando a fé, implantando o sonho. Nascem rebentos de esperança e confiança, ganham-se forças e fazem-se enxertos de gargalhadas nas pernadas infrutíferas da vida.


Nós facilmente nos deixamos seduzir por esta facilidade ou felicidade fácil que a vida nos publicita. E facilmente esquecemos que não é eterna. Mais tarde ou mais cedo, começa a cobrar com juros e impostos tudo o que deu. É que ninguém dá nada a ninguém sem um interesse mesquinho, nem mesmo a vida. E essa factura vem de várias formas, sob várias aparências, é cruel, gosta de implementar a discórdia, semear a desilusão e tirar-nos todas as forças. Decepciona-nos com as portas que se fecham. Abandona-nos pedindo-nos provas da nossa fé nos nossos piores momentos. Arrasa-nos quando nos sentimos impotentes face a determinadas situações. Derruba-nos, deitando por terra todas as nossas forças quando nos deixa deprimidos e abandona-nos quando precisamos de uma mão amiga para nos salvar do abismo. Ficamos ali, na sarjeta da vida, alienados, desesperados, incompreendidos, enlouquecidos, marginal(izados).

Temos de ir buscar forças desconhecidas para a preservarmos, para encontrarmos a razão para continuar o caminho da vida. Agarramo-nos aos bons momentos para superar os maus e darmos a volta por cima. A vida é um constante viver de contrariedades.
                                                                                     Célia Gil

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